Compatilhe
Compatilhe
"Nossa história profissional será dividida entre antes e após a pandemia. Ser a tropa de enfrentamento de uma situação catastrófica trouxe grandes responsabilidades e escolhas duras." Sem meias palavras, o enfermeiro Lennon Rodrigues Silva expressa a carga emocional de quem vem lidando com a COVID-19 há 15 meses. Desde o início, ele faz o que pode para minimizar os riscos dentro e fora do trabalho, no Hospital Universitário Júlio Müller, em Cuiabá, o que não o poupou de situações desafiadoras.
"Fiquei seis meses sem encontrar minha mãe, que não mora na cidade e é do grupo de risco", diz Lennon. "Mas perdemos colegas e seus familiares nos nossos serviços. São derrotas que levaremos para sempre na memória."
O enfermeiro conta que o distanciamento entre pacientes e entes queridos também foi um duro golpe no cotidiano da equipe. "É doloroso ver que muitos não podem ter uma despedida digna. Presenciar essas situações mexe com o nosso psicológico."
Adversidades à parte, restou aos profissionais do Júlio Müller adotar medidas práticas para proteger seus integrantes e atender a população. "Todos os processos de trabalho tiveram de ser revisados. A complexidade dos pacientes demandou maior atenção e esforço das equipes, muitas vezes desfalcadas por causa da COVID-19."
Na parte estrutural, o Hospital Universitário Júlio Müller conta sempre com o apoio de instituições regionais, já que é referência de ensino, pesquisa e serviços de saúde em infectologia do estado. Na pandemia, essa ajuda recebeu um reforço extra, da Raia Drogasil, que doou ao hospital recursos para a compra de um ultrassom, um fibronasolaringoscópio, sensores de capnografia e 35 mil máscaras, entre outros suprimentos. A ação é parte da campanha #TodoCuidadoConta, que vem destinando R$ 25 milhões a 50 hospitais do país para o tratamento de pacientes com COVID-19.
"Os itens recebidos elevaram o nível de segurança e a qualidade dos serviços prestados. São tecnologias que nos colocam na excelência do atendimento humanizado, qualificado e assertivo", afirma Lennon. "E ainda é um legado histórico que incentivará o hospital a ampliar seu campo de atuação em prol dos cidadãos mato-grossenses."
"A pandemia deixou claro o quanto nós, profissionais de saúde, precisamos lutar pela eficiência do SUS. Ver que fiz a diferença na vida de tanta gente reafirmou meu papel como servidor público", diz. "Essa doação nos trouxe o sentimento de que, embora a luta fosse nossa, não estávamos sozinhos. Foi como um afago, uma palavra de conforto dizendo 'nós estamos aqui!'."